Eulália

Eulália Pessoa carrega consigo as marcas e reminiscências de seu passado. Sua pintura é repleta de significados próprios e pessoais. Nas tentativas de reimaginar o desconhecido, num exercício constante de memória afetiva, a sua série “'Mulheres”' estabelece um caráter definitivo em seu processo criativo. Principalmente a tentativa de resgate das lembranças da figura materna, seu rosto, seus gestos, sua vivência, os quais não conheceu, por transcender enquanto ainda ambas muito novas, como também todo um universo de referências à sua volta, se apresenta, acrescenta e invade suas telas.

Sua habitual e urgente entrega apaixonada a faz produzir quase que incessantemente, pintando duas, três, quatro telas ao mesmo tempo, como se tentasse recuperar algo perdido, ou como se o tempo lhe fosse escasso. A exploração cada vez mais minuciosa dos elementos, temas e aspectos de sua obra, ganham, na maioria das vezes, uma continuidade, uma sequência. E com isso, o passado revive. E se faz presente no mundo real da artista.

 Após 20 anos de carreira, Eulália Pessoa produz com uma única e inabalável certeza: pinta porque ali ela se encontra e com isso lhe é permitido a expressão de todos os seus sentimentos. O compartilhamento de suas experiências em forma de mostra se torna uma prioridade apenas quando essa carga de emoções, mesmo que momentaneamente, foi transposta para as telas. Só aí que chega o momento certo das outras pessoas entrarem um pouco mais na vida, nas cores e nas experiências dela. “'Na verdade, meu pintar é o meu trabalho, carregado de minha vivência e emoções. Como artista, penso que isso ajude outras pessoas com suas próprias vidas, trazendo sensações boas. Tenho essa vontade e esse espírito, que é desejar constantemente que a vida das pessoas seja carregada de felicidade”.